O legado da Selfridges para a Moda

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Quem já teve a oportunidade de ir à Londres, certamente ouviu falar da famosa loja de departamentos Selfridges. Localizada no corredor mais fashion da cidade, Oxford street, a Selfridges é um dos ícones do varejo de luxo inglês, com a vantagem de ser mais acessível, mantendo o equilíbrio entre o fast fashion e o glam.
Minha primeira visita à Selfridges foi por acaso, enquanto pesquisava tendências de moda e fazia compras na Oxford street. O que mais chamou minha atenção foi a fachada da loja, que ficava na esquina e tinha uma arquitetura neoclássica e imponente, mantendo o espírito da sua construção, há mais de 100 anos. Me lembrou a primeira vez que vi o Louvre…

Por fora, colunas que lembram museus. Por dentro, um charme e luxo impecáveis para uma loja de departamento. Talvez por isso ela seja tão famosa, pois oferece uma gama enorme de marcas e produtos, distribuídos em vários pisos, com extremo bom gosto, qualidade e várias opções de serviços. Aproveitei para conhecer e fazer algumas compras interessantes.

A Oxford street tem várias lojas famosas, mas o que diferencia a Selfridges de todas elas, na minha opinião, é, primeiramente, o seu pioneirismo que revolucionou o consumo de moda, e o glamour presente em tudo, desde a decoração e disposição dos produtos – expostos feito obras de arte -, às marcas, que se misturam entre grifes de luxo e marcas mais acessíveis. Tudo é diferenciado, chique e de bom gosto, com a vantagem de estarem no mesmo espaço, com opções para todos os bolsos.

Considerada uma lenda do varejo britânico, a Selfridges & Co é a segunda maior e mais luxuosa loja de departamentos do Reino Unido, ficando atrás apenas da Harrod´s, outra gigante inglesa, que também tive a oportunidade de conhecer e comentar aqui no blog.

A moda depois de Harry Selfridge

Fundada no início do século XX, pelo empreendedor americano Harry Gordon Selfridge, a Selfridges é uma referência da moda londrina por sua ousadia, criatividade e quebra de padrões para a época. Com o intuito de criar um ambiente intimista entre o cliente e o produto, o visionário Selfridge ignorou todo o preconceito e conservadorismo da época, enfrentando a imprensa e o comércio, para levar um prêt-à-porter de luxo para as mulheres inglesas. Deu também a oportunidade de liberdade e poder de escolha para o cliente, que podia tocar e experimentar os produtos, enquanto desfrutava de um passeio pela charmosa loja perfumada.

“Eu auxiliei as mulheres em sua emancipação. Eu apareci quando elas queriam tornar-se independentes. Elas entravam na minha loja e realizavam alguns de seus sonhos.” Harry Selfridge

Seu sucesso – e contribuição para a moda – , foi tão grande que virou série da Netflix, disponível em quatro temporadas. Para quem trabalha com moda, vale a pena assistir Mr. Selfridge. Você vai perceber, em detalhes muito sutis, algumas lições de empreendedorismo que deram origem às lojas de departamento, contadas de forma muito criativa e com um figurino impecável…

Uma das curiosidades da série é retratar a emancipação das mulheres, que, até então, só saíam de casa acompanhadas, e somente as solteiras podiam trabalhar. Os primeiros episódios abordam esses fatos, como a abertura de vagas para vendedoras e a luta delas pelo direito ao voto, movimento que as tornou conhecidas como sufragistas.

Outro fato interessante, ligado ao consumo, foi a mudança na forma de apresentar os produtos, que podiam ser tocados e experimentados sem a obrigatoriedade de compra. A seção de perfumaria também tinha um lugar estratégico dentro na loja. Localizada, não por acaso, na entrada da loja, o intuito era “camuflar” o mal cheiro vindo das ruas, em decorrência das condições sanitárias precárias da época.

As vitrines também começaram a se destacar nessa época, mostrando não só as novidades da loja, como também lançando tendências, com temáticas que lembravam obras de arte. Surgia a figura do profissional de visual merchandising, como vitrinista. A ideia de interagir a loja com o cliente deu tão certo que a Selfridges virou referência em vitrines, atraindo pessoas do mundo inteiro.
Abaixo, fotos que tirei das vitrines da Selfridges, em minha primeira viagem à Londres.

Assistir Mr. Selfridge é fazer uma imersão no mundo dos negócios da moda, com riqueza de detalhes que marcaram a história do varejo e consumo de moda. Em pleno início do século XX, em que mulheres e homens só compravam roupas sob medida, feitas por costureiras e alfaiates, a Selfridges começou a vender roupas prontas (ready-to-wear), em três tamanhos. Mas foi além. Foi a primeira loja a oferecer também um prêt-a-porter de luxo, criando um meio-termo na moda, acessível para quem não pode usar alta costura, mas também não quer vestir qualquer roupa. Um pensamento inovador e revolucionário para a época.

O famoso amarelo da Selfridges

Como toda história de sucesso, a Selfridges também tem um ícone que a diferencia das demais marcas. A cor amarelo 109 da Pantone está presente em quase tudo, além das famosas sacolas.
Em comemoração ao centenário da mega loja, em 2009, foram convidados alguns dos maiores nomes do design e da moda para criar peças inspiradas na cor símbolo da loja. Paul Smith, Marc Jacobs, Jimmy Choo e Converse foram alguns que fizeram edições limitadas de seus produtos, assim como Vivienne Westwood e Stella McCartney, que também deram sugestões criativas para reinventar a famosa sacolinha amarela. Recentemente, a designer Caroline Murray fez referência à Selfridges, ilustrando a famosa fachada da loja de Londres, com destaque para o amarelo da Pantone.

Com todos esses motivos, você não pode deixar de conhecer a Selfridges e fazer parte dessa história. Um lugar que foi criado com bom gosto e charme, não só para consumir, mas também para interagir e se distrair, como toda marca de moda deve ser…

Uma resposta para “O legado da Selfridges para a Moda”.

  1. Avatar de Pesquisa de Moda na HARRODS – MagStyle

    […] de Londres (a Selfridges é considerada a segunda, que você confere em outro post, clicando aqui). Com um cenário impressionante de palácio egípcio, sua arquitetura é inspirada no estilo […]

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