A arte de viver como os filósofos

Published by

on

Este mês fui presenteada com essa coleção de reflexões filosóficas, escritas pelos próprios mestres da filosofia. A filosofia sempre me inspirou, desde os tempos de estudante, pois me dava a liberdade para falar e questionar tudo que viesse à mente. O resultado era uma mente cheia de ideias e questionamentos, inconformada com meu tempo. Infelizmente, ao escolher uma carreira, acabei deixando a filosofia de lado. No entanto, esse presente reacendeu meu interesse pelo tema, trazendo-a de volta à minha vida.

Ao me deparar com o livro A Arte de Viver, de Epiteto, encontrei lições valiosas sobre como viver bem. Epiteto foi um filósofo grego com uma condição especial: não sabia escrever e era escravo de um cruel secretário de Nero que, segundo relatos, teria torturado-o por desejar ser um filósofo, considerada uma atividade culta para um escravo. Mas isso não o desmotivou e, após ser liberto e expulso de Roma, fundou sua própria escola na Grécia, juntamente com outros filósofos, dando aulas até seus últimos dias. Sua filosofia é pautada no estoicismo, uma escola de pensamento que busca orientar as pessoas na busca de uma vida virtuosa, tranquila e feliz, independentemente das circunstâncias externas.

Nesta obra, Epiteto propõe uma prática diferente sobre a vida, reunindo 50 reflexões importantes denominadas princípios filosóficos, devendo ser aplicadas e levadas para a vida.

Para o filósofo, estamos todos conectados ao universo, e seus princípios envolvem agir de maneira correta, tomar decisões conscientes e manter a calma para vivermos bem. Epiteto destaca a importância de focarmos no que podemos controlar e não perder tempo com o que está fora do nosso alcance.

Ele também fala sobre controlar nossos desejos e aversões, ou seja, não ficar chateado por coisas que não podemos mudar, e a manter a calma, pois a paciência é fundamental para lidarmos com situações difíceis e insultos, prevendo as ações dos outros e mantendo nossa tranquilidade.

Epiteto destaca que, muitas vezes, nosso sofrimento não vem das coisas em sim, mas da forma como vemos as coisas. Isso é especialmente importante nos dias de hoje, em que muitas vezes nos preocupamos demais com o que os outros pensam, podando nossas ações, limitando nosso pensar e agir.

A filosofia estoica nos incentiva a aceitar as coisas como são, a deixar de lado a vaidade e construir uma vida autêntica. Nos lembra de não mentir, aceitar nosso destino e buscar a verdadeira realização. Mesmo diante de injustiças, ela nos encoraja a agir com firmeza e persistência.

Em resumo, Epiteto nos convida a ser como os filósofos, a aplaudir as vitórias dos outros, a agir com firmeza, mesmo diante de dificuldades. Sua principal lição é simples: seja honesto, aceite sua vida como ela é e siga o caminho que realmente importa para você. Não queira privilégios nem vida abundante, mas tenha caráter e honra, para que não perca sua própria natureza…

Principais características e práticas do estoicismo:

  1. Viver de acordo com a natureza: significa seguir as leis naturais e aceitar as coisas que não podemos controlar.
  2. Distinção entre o que está sob nosso controle e o que não está: o foco está em direcionar energia para aquilo que está sob nosso controle, como nossas atitudes, escolhas e valores, enquanto aceitamos serenamente aquilo que não podemos mudar, como a opinião e o julgamento alheio.
  3. Desapego das emoções perturbadoras: os estoicos praticam o desapego emocional, buscando não serem dominados por emoções negativas como medo, tristeza ou raiva. A ideia é manter a serenidade diante das adversidades.
  4. Aceitação do destino: aceitar o destino e as circunstâncias da vida é uma prática fundamental no estoicismo. Isso não significa resignação passiva, mas sim uma abordagem racional e corajosa diante dos desafios.
  5. Virtude como o bem supremo: para os estoicos, a virtude é o valor mais alto, e a busca pela excelência moral é central para uma vida significativa. Praticar a sabedoria, a coragem, a justiça e a temperança é essencial.
  6. Preparação para o pior: os estoicos praticam a antecipação de possíveis adversidades. Isso não significa ser pessimista, mas sim estar preparado para lidar racionalmente com qualquer situação que possa surgir.
  7. Meditação sobre a fragilidade da vida: refletir sobre a transitoriedade da vida e a efemeridade de todas as coisas é uma prática comum no estoicismo, buscando cultivar um entendimento mais profundo sobre a natureza da existência.

Essas práticas visam desenvolver uma mentalidade resiliente, focada na ética e na busca constante pela melhoria pessoal, independentemente das adversidades da vida. O estoicismo influenciou muitos pensadores, como Sêneca, cuja obra também li recentemente, e fala sobre os mesmos princípios desde os tempos dos mestres filósofos, e que continuam a ter relevância na abordagem contemporânea em busca de uma vida plena e significativa.

Deixe um comentário